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O recheio do bolo

A imagem que vem sendo construída ao longo do tempo do bairro Pirambú é de uma localidade violenta, promíscua e com baixa qualidade de vida, enfim,  com aspectos nada atrativos. Mas a contradição começa a aparecer quando passamos de fato a experimentar a realidade local.

Mesmo sendo segunda a tarde as ruas estão cheias de vida, idosos, adultos e crianças fazem das ruas sua sala de estar.  

Para o visitante é impossível prever onde cada via pode levar, você está em uma rua larga que te leva a um beco cujo terreno configura uma ladeira, de repente as casas já demonstram uma nova disposição, adaptadas com escadas modestas e muitas vezes sem acabamento. 

As ruas não possuem um padrão, cada uma possui sua própria identidade. As calçadas quase nunca se harmonizam, possuem tamanho, largura, altura e acabamento diferentes; o mesmo vale para as fachadas das residências. Dentre tantas discordâncias é possível perceber alguns pontos em comum, as portas e janelas parecem não ser seguras o bastante, geralmente são gradeadas o que demonstra a preocupação com a segurança do bairro. Contraditoriamente as pessoas estão nas ruas, sentadas em suas calçadas conversando, andando, jogando ou fazendo alguma outra atividade.
 

É enorme a sensação de abandono quando se olha para as praças, abandono não por parte da população porque eles utilizam esses espaços, mas  carência de manutenção, as praças simplesmente foram feitas e esquecidas.

A tranquilidade que se vê faz duvidar as estatísticas horrendas de criminalidade, as pessoas parecem estar no mesmo rítmo de vida, de certa forma sincronizadas na mesma melodia, as sensações são tão boas que ao sentar em um banco da praça esperando por algo ou alguém observando a movimentação te faz lembrar da  infância brincando na calçada, de como era a vida antes dos carros dominarem as ruas e como é bom que hoje ainda exista essa cultura de gente na rua.

O que dizer da orla? Uma maravilha, seja a brisa, a areia, a vista pro mar. Muitas famílias moram de frente pra essa paisagem linda e são privilegiadas por isso.

Enfim, acreditar apenas no que as manchetes nos diz sobre um lugar é limitar nossa visão a seu respeito, o que importa mesmo é vivenciarmos sua realidade e descobrir o melhor do bolo é o recheio.

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