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O mercado dos peixes

 

Águas balneáveis que podem ser facilmente avistadas, pois as barracas agora são padronizadas. O calçadão pode ser usufruído por pedestres sem o medo de ser atropelado por ciclistas ou sem o incômodo de se esquivar dos vendedores ambulantes, já que cada atividade possui seu espaço idealizado de acordo com seu uso. Uma área dedicada aos pescadores e à comercialização do peixe, que agora não é mais feita em condições insalubres, tanto para quem vende quanto para quem compra . Essa seria a Beira Mar de Fortaleza aspirada pelo poder público há mais de 10 anos.

 

 

Em outubro de 2009, um concurso foi lançado nacionalmente buscando um projeto que  conseguisse solucionar os conflitos de uso da paisagem e a necessidade de ordenamento e reestruturação da orla. Ricardo Muratori, Esdras Santos e Fausto Nilo foram os autores do projeto vencedor, que visa requalificar um parque linear de 3,5km no trecho mais tradicional da orla de Fortaleza com equipamentos de lazer, esporte, feira de artesanato, quiosques e mercado dos peixes. Este último constitui a primeira etapa de uma série de transformações iniciadas em 2013 e que viriam a revitalizar a Beira Mar. No entanto, o novo equipamento, com entrega prevista para março de 2015, mesmo com 95% concluído ainda não foi finalizado por motivos financeiros.  

 

Ao analisarmos o projeto constatamos uma certa negligência com a colônia de pescadores que,  posteriormente, em uma conversa informal com o arquiteto Ricardo Muratori, foi esclarecido que a área em questão seria mantida e depósitos seriam construídos para manutenção e conserto de barcos. Além disso, existirá um prédio anexo ao mercado que sediará a associação de pescadores: "A intenção é dar mais visibilidade a esse trabalho, permitindo o acesso das pessoas e a interação com essa comunidade" disse o arquiteto.

 

Medo. Atraso. Prejuízo. Foram as palavras mais constantes durante nosso estudo sobre a Praia do Mucuripe. "Nós concordamos com a limpeza que vai haver daqui pra frente, mas a gente tá se preparando pra nossa revolta. Agora quem tá por nós? Só Deus." afirma seu Francisco, pescador desde os 12 anos, sobre o futuro incerto do seu local de trabalho. "Estamos engaiolados aqui há quase 3 anos. O movimento caiu 90%. Qual freguês vai querer vir aqui com esse cheiro de esgoto?" nos questiona o Sr. Antônio Alves, vendedor de peixe há 50 anos, sobre as atuais condições de trabalho no mercado provisório. Frases como essas nos levam a pensar se todo esse desgaste valerá à pena após a entrega do novo Mercado dos Peixes.

 

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