
DE OESTE A LESTE
MARCO ZERO
do rio ceará à feira
do mar ao asfalto
TRECHO I
““A gente vai escapando, Doutor”, confessando que a vida de pescador nunca foi fácil, à beira d’água, pele seca queimada, resistindo ao sol escaldante. O pescador é pacato, humilde, bom, vive da pesca dos mais variados mariscos.”
NETO, Bernardo. Barra do Ceará. 2014.
“No fim das tardes, a Barra era uma cantoria só. Os pescadores e canoeiros voltavam cantando iluminadas cantigas de rio e de mar. O som das águas calmamente celebrava esse encontro.”
NETO, Bernardo. Barra do Ceará. 2014.
O rio pelos olhos de um menino
Ele chegou aos cinco anos de idade, tangido pela seca do Pacoti, num dia em que do céu de Fortaleza água doce caía. Perto da casa de taipa onde se abrigou da chuva, o rio Ceará corria manso para o mar, mas por causa da noite alta, ele nem viu. Os anos passaram, o menino cresceu, a Barra mudou. Teve colônia de pescador, salina, avenida rasgando morro, hidroporto para avião, tubarão cortando banhista, ponte pra mais de 600 metros de uma ponta a outra. E ele não arredou o pé.